quinta-feira, 20 de agosto de 2009

NARGUILÉ

NARGUILÉ

A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...

Rente aos meus pés/Pequenos seres rastejantes/Sobre a cabeça aves velozes mergulham nos ares disputando seus inimagináveis motivos para viver.

Um horizonte instiga trilhas de rios ao único destino/E as nuvens carregadas de vapores embevecidas dançam...

Como se estivesse no oriente/Numa tenda mulheres mostrando seus ventres aos sons de cítaras.
Como se estivesse nos Andes/Uma grande fogueira com muitos dançarinos ritmados por flautas de pã.
A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...

QUILOMBOS

O sabo enganador
Ou rei Obá
Em troca de adornos civilizados
Arrancavam homens de seus lares
Para terras desconhecidas
Onde os hospedantes apagavam
Com açoites seus costumes, crenças e vidas
Apenas para lucrar.


Um dia eles acordaram
Fazendo um novo império também
Com sacrifícios e lutas gloriosas
Mostrando serem capazes aquém.


Passaram-se dias, anos, décadas
Negros, Zumbi, Ganga Zumba gloriosos
Brancos em cortes avergonhados.
Até o rei pediu compaixão
Pois sua riqueza
Fugira de suas próprias mãos.


Mas Zumbi em apogeu
Não quis negociação
Pois com sabedoria
Previa que seu povo
Somente tinha valia com a escravidão.

Como tantos, um carrasco
Ofereceu-se para destruir o “reino dos macacos”
Fazendo-se após o trato
Adquirir a riqueza e seu sonho abstrato
Dele tanto desejado.


O paraíso acabou
O inferno recomeçara
Findando os sonhos tão amados
Em sangue e mortes.


O exército da injustiça vencera Palmares
Mas a liberdade “ganhada”
Que a história ofusca cedera.
Fez como todas pegadas, marcas...
Como herança
O preconceito sobrevive
Por quê? Não sabemos.
Talvez o tempo conscientize os homens
E um dia seremos iguais de verdade.