segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 

SEGUNDO SOL


 

Não quero ver...

Reflexos do remorso nos seus olhos

Depois de todo esse tempo

Que demos voltas em torno do sol...

E o meu sentir continua em sua órbita...

 

Meu mundo não tem mais a dança da lua

Meu sol da meia-noite perdesse para algum dia!

 

Quando não se tem culpa e os motivos justificam as decisões

Quando as palavras virão correntezas

Valores inundam sentimentos

Nosso universo fica vazio...

 

Meu mundo não tem mais a dança da lua

Meu sol da meia-noite perdesse para algum dia!

 

Não quero ver...

Reflexos do remorso nos seus olhos

Depois de todo esse tempo

Que demos voltas em torno do sol...

E o meu sentir continua em sua órbita...

domingo, 15 de novembro de 2020

 MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA:

LUTA , RESISTÊNCIA EM UM BRASIL FASCISTA 





Com o relógio à vista

Corre feito louco

Atropelando camelôs e bugingangas

Correm entre os carros, prédios, lotações, corre...

Pra pagar as contas, pra poder comer, vestir o filho, pra esquecer Maria que cobra todo dia um pouco de atenção para o seu tesão...

Sem perceber que sua vida parada como pedra no caminho a espera de algum tropeço o desperte.

Xingando ter culpa os pais dos filhos da puta do atraso de sua partida

Zé quer ter promoção ao chegar no trabalho onde o patrão de sentinela e com relógio a prazo te dará o troco.

 

Zés destes tempos

Não sente que já é tempo

Tempo de viver enquanto a vida escorre pelos dedos

Decodificando seu submundo.

 

Tempo senhor das Eras

Tempo senhor dos tempos

Homem escravo do tempo

Homem escravo do homem

 

Escravo

do

 

ESCRAVO.

 

 

MENINA DOS OLHOS

 

Por onde ando

Você é meu guia

Plainando, atravesso multidões para te ver de perto

E quando deparo contigo

Cara a cara

Teu brilho é como água do mar...

 

 

Um dedo em riste

Reclama meu olhar

Por que as meninas sentem ciúmes de outras meninas?

Por serem tão belas quanto elas?

Soslaios querem te fazer acreditar

Que meus olhos são apenas teus!

 

 

ABISSAL

 

 


Mergulhando nas lentes de um olhar

Desvaneço abrindo as asas do coração

Degradê como as águas do mar

Cristalizar o que é só tristeza, e o que é só alegria?

Inútil distinguir qual a parte que me pertence.

 

 

Desarmado entro no ringue

Sou Cortázar abandonando os socos de boxe

Para agarrar uma caneta e lutar pelo amor e a vida.

Sentir o aflorar do sentido peculiar das universalidades

Dos seres e das coisas simples.

 

 

Mas nunca é tarde para descrever o que sinto agora

Uma imensa satisfação de sentar na varanda do mundo

E enxergar a ludibriante aventura humana de estar constantemente querendo...

Sair a deriva na alcoólica noite discutindo sem razão para entender o ideal alheio, ver as mulheres passando os homens que passam, xingar a política daqueles que jogam a bola das futilidades...

Mudando o discurso falarei como um mecenas insinuando que não se deve cuspir nos pratos, plantarei uma árvore mesmo que os meus negócios dependam dela, acordarei sempre às seis da manhã chamando-a de meu bem...

 

 

domingo, 8 de novembro de 2020

 

ILHA DESERTA

 

 

 

Lançados no mar da vida

Procurando agarrar aquilo que não nos pertence

Conduzido pela corrente da incerteza

Sou Ulisses indo para casa

Desafiando os inventores de Poseidon.

 

 

Fiquei contente em avistar uma ilha

Depois percebi que ela também estava à espera de alguém

Deserto do meu oceano

Quem sou eu, quem é você ilha?

 

 

Talvez tenha exilado Bocage por dizer o que sentia e pensava

Quem sabe Papillon, fugindo na busca de liberdade

Até mesmo Napoleão, querendo retomar de assalto seu império

Quantos homens, quantas ilhas!

 

 

Queria a coragem de Espartacus

Encontrar em cada ilhota um escravo e levar ao continente uma avalanche de soldados.

Queria a coragem dos revolucionários de Serra Maestra

Destruir desertos e plantar sementes...

 [Não venha regar com areia o que você nunca tentou cultivar. Tenha a mesma determinação dos lavradores que semeiam a terra, porque o fruto provera].

Minha sede é a tua procura

Navio cruzando desertos...

 

 

 

MEDITAÇÃO

 

 

 

Eis me aqui...

Calado, por não querer ouvir minha voz...

Exilado de tua presença...

A espera de uma anistia de tantos delitos...

Cometidos pelo imperioso sentido

De querer-te perto!

 

 

 

Devoto ímpio de tua adoração

Do culto de teu corpo êxtase

Clamando cada vez mais pela dor anorgásmica

Clamando nenhum perdão!

 

 

 

Eis me aqui...

Calado, por não querer ouvir minha voz...

Exilado de tua presença...

A espera de uma anistia de tantos delitos...

Cometidos pelo imperioso sentido

De querer-te perto!

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

 

DIAS DOS MORTOS


 

Observo a aflição em meus e seus olhos

Sem saber porque tanta desilusão...

 

Seguimos como máquinas projetadas para realizar a tarefa de viver nesses dias...

 

O cotidiano é nossa bíblia...

 

Servos no menu somos servidos a mesa aos senhores do capital.

 

A legião de cegos caminha na estrada da lógica silogista que determina todas formas de vida...

 

Nações de idiotas concorrem no ranking

 

Em cada uma delas seres correm para ganhar o dia

Perdendo assim, a cada esquina, a cada trabalho, a cada convívio uma maneira de abocanhar sua ração...

 

Querendo insanamente que o dia, semana, mês e ano acabe para suavizar sua tortura não notam que quanto mais rápido engana seu tempo, menos tempo terá para realmente viver...

 

O que fizeram de nós?

 

Marionetes que respiram a putrefação dos próprios corpos

Em nossas almas o eterno já está garantido ao Deus do apocalipse...

 

Arrebatados pela esperança por tudo que se passa hoje é a prova de garantia da felicidade depois que morrer...


Querendo insanamente que o dia, semana, mês e ano acabe para suavizar sua tortura não notam que quanto mais rápido engana seu tempo, menos tempo terá para realmente viver...