quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

ESCRAVO

Com o relógio à vista
Corre feito louco
Atropelando camelôs e bugigangas
Correm entre os carros, prédios, lotações, corre...

Pra pagar as contas, pra poder comer, vestir o filho, pra esquecer Maria que cobra todo dia um pouco de atenção para o seu tesão...
Sem perceber que sua vida parada como pedra no caminho a espera de algum tropeço o desperte.

Xingando ter culpa os pais dos filhos da puta do atraso de sua partida
Zé quer ter promoção ao chegar no trabalho onde o patrão de sentinela e com relógio a prazo te dará o troco.

Zés destes tempos
Não sente que já é tempo
Tempo de viver enquanto a vida escorre pelos dedos
Decodifiando seu submundo.

Tempo senhor das Eras
Tempo senhor dos Homens
Homem escravo do Tempo
Homem escravo do Homem

Escravo
do
ESCRAVO.

GOVERNO PARALELO

TRANSEUNTES
MEIO-FIO SEPARA UMA VELHA PEDINTE DE CORREGIONÁRIOS
DA SITUAÇÃO
EDIFICANDO CONGLOMERADOS PRODUTIVOS
ESPECULAM
NA BOLSA DOS QUILOS DE COCAÍNA
O MORRO.

POLICIANDO
A JUSTIÇA DA COBRA-CEGA
O TRÁFEGO
DE INFLUÊNCIAS...

POLÍTICOS
AVALIANDO O CUSTO-BENEFÍCIO
PIRAMIDAL.

A BENGALA COLIGADA
GUIA
A VELHA DEMOCRACIA.

O PESO DA CARCAÇA
SUCUMBE A SAPIÊNCIA DOS POVOS
CALCANHAR-DE-AQUILES.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

AS FLORES DO NOSSO JARDIM

Sentado de frente ao horizonte

Vejo dois sóis no poente

O que aquece e ilumina anuncia que a primavera chegou

E o outro como tatuagem põe-se na calcinha de uma bela anca.

Essa paisagem alimentando meu ego

Deixa-me perplexo a descrever o ser tão lindo que nos acompanha

Não somente pela forma, o jeito meigo, o sexo único e definido.

Define o gênero masculino ao nascer

Para depois crescer dentro de seu prazer

Uma performance que nos acompanha até morrer...

Sentado de frente a esse horizonte

Crio uma mandala com as ruas do centro

São os signos das flores semeados para cada um de nós

Uma serpente para ti, enquanto como as maçãs.

E se condenarem novamente nossos atos

Discutindo o sexo dos anjos para te darem a devida culpa

- Hipocrisia, anátema -.

Porque a libido estará também nos teus filhos

Mesmo que a boca insista na recusa.

Sentado de frente ao horizonte

Vejo dois sóis no poente

O que aquece e ilumina anuncia que a primavera chegou

E o outro como tatuagem põe-se na calcinha de uma bela anca.