quinta-feira, 23 de abril de 2020

EXÍLIO




                   Perceba nossa ausência
Diante da igualdade ditada por aqueles que se denominam vencedores.
               Preconizando a tua corte, o teu controle.
                   “Acostuma-te à lama que te espera”
                   Habitua-se a viver nesta selva e ser também fera.



                   E se lhe causar constrangimento, alguma dor
                   Fecham-se portas
                   Calam tua boca e perpetua:            
                Ser um soldado predestinado a servir,
Um operário qualquer acaso tiver emprego,
Caso tiver dinheiro para comprar um pedaço de pão ao filho que rouba ou pede.



                   E desta vez abriram-se as portas do medo,
                   Celas frias e cheias de desterro...
                   De homens com a máscara da exclusão
                   Tudo em defesa do direito-Estado-violação.



                   E se lhe causar constrangimento, alguma dor...
                   Fecham-se portas
                   Cala-te a boca e perpetua:
                            A Educação para que continues ignorante.
                                    A religião que conduz a fé conformadora
                                    O dinheiro que produz a força...


                Se duvidas conte 150 milhões de vidas
                Do poema de Maiakóvski.
Se dúvida enxergue os mesmos milhões de expatriados num país do hemisfério sul.
                  

Os números apenas sentenciam,
Os enumerados sofrem.



segunda-feira, 20 de abril de 2020

UNIVERSO PARALELO



Observando o céu de estrelas
Imensidão abstraída no pensamento
Como formigas saqueando torrões de açúcar
De um pão de sonho cosmogonista.

Zeus e seu olímpo de orixás zodiacais
No entender dos homens deus fez o mundo e vigia tudo
Para Zeus os homens são instrumentos das vontades divinas
Jogos de amor e ódio.

Mesmo que insista na pergunta
Mesmo que não aches a resposta:
O mundo é feito de poesia que faz e desfaz...
Reticulando a imagem que vês
Vezes enganando o que senti.
O que queres que eu responda?
Que o mundo imundo que vivemos é um aquário de peixes com bocas  que gesticulam sempre o sim;
Que o mundo imundo que vivemos é um teatro de fantoches com sua história já descrita e narrada;
Que o mundo imundo que vivemos é a poeira de um tempo que leva tempestades mas também carrega sóis e chuvas...
Que o mar que habita meu sertão é maior que todos os sertões...
E o que mais desejo é estar numa roda de amigos cantando, bebendo os prazeres da vida, antes que o tempo se esvai...
Antes que meus olhos cansem de olhar quantas estrelas
Que habitam tantos pensamentos e encham meu universo apraz!




terça-feira, 14 de abril de 2020

PRELÚDIO




Caminhar no mundo de tantas posses
O cercado que separa: quem semeia de quem come.

Na véspera de um “novo tempo”
A técnica busca superar: o olhar, o ouvir, o sentir, o falar...



A palavra que ecoa na casa das palavras
Dos homens que anunciam
A arte da revelação contra a
maior opressão.




A palavra que ecoa na casa das palavras
Que denuncia a mão que aleja
os corpos de quem esculpi.



A palavra que ecoa na casa das palavras
Afirmando que se o verbo veio primeiro então cante para os corações e
mentes: Revolução...





CRISTO ATEU 

Em nome de deus justificam a guerra
A terra santa sangra a paz
Das fendas os elos brotam raízes
Milênios em seis dias se faz.

Com multidões veio um homem prometendo a terra
Outro homem pedindo a paz.
“Uma terra sem povo para um povo sem terra”
Terra donde ninguém se entende mais.

E no muro de lamentos e orações...
Pedras intifadas picham soldados que fuzilam o perdão.

Kibutz não sejam campos
Que concentrem a divisão.
E que as fatwas não sejam facas
Cortando a expressão.

“Uma terra sem povo para um povo sem terra”
Eis a questão!
CASA DOS POETAS

Lá na casa do sonho, na casa do riso
A vida ficcional determina quem é quem.

Lá na casa do sonho, na casa do riso
Ninguém é deveras feliz, tão pouco triste...
Viver o momento é presente, é a melhor tradução do que é  real...

Lá, coloco minha mais bela roupa a tua espera afrodite. Porque tu vestida para amar quer o entusiasmo dos mortais sem as artimanhas dos cultuadores da insana moral.

Nesta casa repleta de portas para entrar e nenhuma para sair
Vou contando o dia que vira proclamar que tudo não passou de indagações criadas pela simples capacidade de pensar...
Loucura; dirão a te encontrar declamando este poema bizarro!
Demente; chamaram os médicos que mentem diagnosticar o que eles também sentem!
Inspirador é o arquiteto construtor de casas cheias de devaneios e palavras...

Seu arrimo tem rimas?
Suas colunas são concretas?
Seu teto abissal, tão distante como saturno e tão intenso como o sistema neural...

Lá na casa do sonho, na casa do riso
Cidades e mais cidades são iluminadas por sua usina de vagalumes


Eu não nomeio aquele que está em todos, mas outros chamarão de louco, outros de poeta. 
PROCISSÃO

De hoje em diante
Não trairei mais as leis e ordens cidadãs
Não encherei a cara de cachaça
Embriagando os ambientes de dizeres obcenos.

Ficarei sereno
Com a sensatez dos tolos
Porque você merece estar tranquilo aceitando o destino traçado por deus.

Estarás incólume como uma barata num cubículo escuro
A espera do próximo cortejo que o levara direto para o céu...
Sete palmos abaixo da terra.
GOVERNO PARALELO



Transeuntes
Meio-fio separa uma velha pedinte de correligionários
Da situação
Edificando conglomerados produtivos
Especulam
Na Bolsa dos quilos de cocaína
O morro.

Policiando
A justiça da cobra-cega
O tráfego
De influências...

Políticos
Avaliando o custo-benefício
Piramidal.

A bengala coligada
Guia
 A velha democracia

O peso da carcaça
Sucumbe a sapiência dos povos
Calcanhar-de-aquiles.



ESTAMOS EM GREVE?


Sustentamos a sociedade
Sem nosso suor tu não existiria
Estamos nas docas,nas escolas, nas fábricas, no campo, nos túneis, nos andaimes, nas repartições públicas e até na administração dos capitais...
Estamos nas ruas exigindo o que nos é de direito!
Estamos em greve por sua recusa exploradores!


Souberam nos dividir
Depois que construímos máquinas querem demitir
E com o desemprego veio à concorrência, alienação e o medo.


Mas deves lembrar
Que sempre seremos a espinha dorsal
Que erguera e ti dará um basta!
Estamos em greve!
Isso é só o princípio do seu fim...

quarta-feira, 8 de abril de 2020

VIA DUPLA


Essas primeiras décadas desse novo século a política do Brasil chegou ao seu limiar - apocalypse now .
Seus medíocres representantes alimentam crises, eliminaram ideologias, sucumbiram a chamada Esquerda com atos de Direita, deram voz falaciosa a histórica setores conservadores   para falarem em nome dos desfavorecidos e os seguimentos do  movimento operário foram engessadas em meio a tal caos e absurdos...

Esse sentimento semelhante a conduzir um veículo desgovernado ou sem freios em alta velocidade em nebulosa estrada volta à tona:

- Pelo retrovisor observamos que tudo que lutamos e passamos pode se perder... Os vermes do absurdo estão na nossa rabeira, por um assalto querem conduzir de novo o veículo com discórdia ou ditadura;

- A frente uma estrada cheia de descasos e injustiças que somente podemos vencer passando por cima, extirpando o mal pela raiz, caso contrário seremos atropelados pelo desmando e a miséria da política capitalista;

- Do lado da Esquerda em meio a essa guerra sem nenhuma ideologia que o apoie, sem nenhum propósito igualitário os trabalhadores sedentos estão como postes, estáticos no temporal;

- Do lado da Direita, as hienas exploradoras retomam seus trabalhos arquitetando e inovando seus famigerados golpes para dominar o corpo social... 

- E acima de nós apenas o céu...

sexta-feira, 3 de abril de 2020


OLIMPO
 
 
Quando morri para você
Fiquei vagante no seu pretenso esquecimento
Mas logo eu?
Que questiono esse além vida
Paradoxo das escolhas
Que o bem ou o mal faz conosco.
 

Esse espírito de se dar sem ter
Acaba quando a vaidosa lógica
Não aceita a metafisica da paixão
E o que nos resta são dividendos..

 
Quando morri para você
Fiquei vagante no seu pretenso esquecimento
Mas logo eu?
Que questiono esse além vida
Paradoxo das escolhas
Que o bem ou o mal faz conosco nesse Olimpo.