quinta-feira, 18 de junho de 2015

MORADA

Alguém é uma pessoa que habita minha morada
Construída de carinhos
Decorada, decorada
Por poemas que retratam nosso destino
Feito pássaro, feito ninho,
o calor de suas asas...

Alguns chamam está casa
De um sonho impossível
Outros como tu
Vives como a aurora do dia sem pensar na noite hibernada.

Alguém é uma pessoa que habita minha morada
Sem arrimo, sem um muro, sem um teto
Minha vida está exposta a intempéries das estações inexplicadas
Que faz teu sorriso ou o teu tão emotivo choro meu consolo
 E dizer que tudo vale o preço de quem não dá nada...
Que faz tuas noites estreladas ou teu radiante sol...
Meu viver, minha morada! 

      

NARGUILÉ





A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...

Rente aos meus pés/Pequenos seres rastejantes/Sobre a cabeça aves velozes mergulham nos ares disputando seus inimagináveis motivos para viver.

Um horizonte instiga trilhas de rios ao único destino/E as nuvens carregadas de vapores embevecidas dançam...

Como se estivesse no oriente/Numa tenda mulheres mostrando seus ventres aos sons de cítaras.
Como se estivesse nos Andes/Uma grande fogueira com muitos dançarinos ritmados por flautas de pã.
A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...




Tu, palavra desmedida inventada pelo meu povo.
Explicação do que sinto
É distrair-se desse sentimento que corta como navalha a carne.

Esta calma estranha
Como a espera de um furacão
A ponte que liga a paixão a um amor anônimo,
A ponte criada para unir o que está separado.

No trote tu me sacode
Mas antes ludibria com  galope compassado
Pisando no gramado da pele que acariciava com o coito.
Como vício me flagela fazendo querer mais este ódio que assola
Depois fissura minhas portas e janelas escancaradas pelo desejo.

Saudações de um anfitrião pedindo esmola
Morrendo de fome provocada pela ausência de tua presença.
Kamikaze, irei ao teu encontro
Querendo matar, querendo morrer
Se tu esquecer algum dia de me visitar,

                                                                  SAUDADE.       

       


 

                                                    AS FLORES DO NOSSO JARDIM



Sentado de frente ao horizonte
Vejo dois sóis no poente
O que aquece e ilumina anuncia que a primavera chegou
E o outro como tatuagem põe-se na calcinha de uma bela anca.


Essa paisagem alimentando meu ego
Deixa-me perplexo a descrever o ser tão lindo que nos acompanha
Não somente pela forma, o jeito meigo, o sexo único e definido.
Define o gênero masculino ao nascer
Para depois crescer dentro de seu prazer
Uma performance que nos acompanha até morrer...


Sentado de frente a esse horizonte
Crio uma mandala com as ruas do centro
São os signos das flores semeados para cada um de nós
Uma serpente para ti, enquanto como as maçãs.


E se condenarem novamente nossos atos
Discutindo o sexo dos anjos para te darem a devida culpa
- Hipocrisia, anátema -.
Porque a libido estará também nos teus filhos
Mesmo que a boca insista na recusa.


Sentado de frente ao horizonte
Vejo dois sóis no poente
O que aquece e ilumina anuncia que a primavera chegou
E o outro como tatuagem põe-se na calcinha de uma bela anca.