sábado, 26 de dezembro de 2009

O POETA E A LUA

Pelo brilho de seu olhar
Um imã arratou-me a ti
A multidão inexpressiva ficará só
Por nossa companhia se fazer presente.
Como um poeta enfeitiçado pela lua
Cometi o erro dos mortais
Querer saber demais de sua existência
No dia de teu eclipse...
Fomos para o olimpo
Em nosso leito porções de vinho
Servidas como alimento mediara os limites...
Quantas fases existem entre o homem e a mulher perguntava o poeta a lua
Que inferno astral faz o amor tornar-se dúvida?
De repente no céu estrelado o eclipse se fez
A lua alinhada com a terra e o sol pareciam copular
Tua boca pedia algo que teu corpo exigia
E o poeta amando buscava decifrar
Que som tem o prazer, oh lua?
Numa mulher prestes a revelar seus íntimos segredos...
Que tom tem o prazer, oh lua?
Numa mulher prestes a revelar seus íntimos segredos...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

MORADA

Alguém é uma pessoa que habita minha morada
Construída de carinhos
Decorada, decorada
Por poemas que retratam nosso destino
Feito pássaro, feito ninho, o calor de suas asas...

Alguns chamam está casa
De um sonho impossível
Outros como tu
Vives como a aurora do dia sem pensar na noite hibernada.

Alguém é uma pessoa que habita minha morada
Sem arrimo, sem um muro, sem um teto
Minha vida está exposta a intempéries das estações inexplicadas
Que faz teu sorriso ou o teu tão emotivo choro meu consolo
E dizer que tudo vale o preço de quem não dá nada...
Que faz tuas noites estreladas ou teu radiante sol...
Meu viver, minha morada!

MOSAICO

Reflexos estilhaçam o passado secular
Turvos arco-íris lançados de canhões de luz
Num piscar de olhos volto
Reflexão espasma dá conta que ainda não vi a minha grande barba no meu rosto nu.

Choro de criança
Louca aventura de soldados de chumbo marchando para labaredas Idéias e paixões...
Carros sem asas zunem na avenida do quinto andar
Mulheres na espreita matam querendo amar
Enquanto nascem rebentos de caixões de gelo
Manchetes anunciam: Eram os deuses crionautas!

No bar do Olimpo
Homens uivando vagueiam
Afirmando que o cavaleiro épico não existe mais...
Levantando as taças brindam...
Superamos a morte! Superamos a Morte! Superamos a morte!
Uma voz descompassada grita: Venceremos na Vida! Venceremos na Vida! Venceremos na Vida! Como um banho de água fria a lucidez descompactua
E todos desconversam voltando aos seus antigos lugares...

VIOLÕES

O tom de carícias esvai na sucessiva cadência
Do querer violar.
Teu corpo encostado em meu peito
Mãos rítmicas
E das suas entranhas as mais belas vibrações...
Melodias, dissonâncias, cantigas para amar.

Quero ser um Luthier
No pretensioso “design” de suas paixões
Um lunático enfeitiçando o ambiente
Fazendo a corte como os bichos
No entardecer descrito naquela canção que fiz para nós dois.
Ah que saudade, ah que esperança, euforia, tu me trazes.
Em cada casa guardas um segredo
Cada batida um coração Escalando, escalando, escalando...

A nobreza do teu corpo
Na mata virgem de outrora
Paraíso dos jacarandás Ressoa...

Quero ser um Luthier
No pretensioso “design” de suas paixões
Um lunático enfeitiçando o ambiente
Fazendo a corte como os bichos
No entardecer descrito naquela canção que fiz para nós dois...

SAUDADE

Tu, palavra desmedida inventada pelo meu povo.
Explicação do que sinto
É distrair-se desse sentimento que corta como navalha a carne.
Esta calma estranha
Como a espera de um furacão
A ponte que liga a paixão a um amor anônimo,
A ponte criada para unir o que está separado.

No trote tu me sacode
Mas antes ludibria com galope compassado
Pisando no gramado da pele que acariciava com o coito.
Como vício me flagela fazendo querer mais este ódio que assola
Depois fissura minhas portas e janelas escancaradas pelo desejo.

Saudações de um anfitrião pedindo esmola
Morrendo de fome provocada pela ausência de tua presença.
Kamikaze, irei ao teu encontro
Querendo matar, querendo morrer
Se tu esquecer algum dia de me visitar,
SAUDADE.