sexta-feira, 30 de julho de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

PRELÚDIO

Caminhar no mundo de tantas posses
O cercado que separa: quem semeia de quem come.


Na véspera de um “novo tempo”
A técnica busca superar: o olhar, o ouvir, o sentir, o falar...


A palavra que ecoa na casa das palavras
Dos homens que anunciam
A arte da revelação contra a maior opressão.


A palavra que ecoa na casa das palavras
Que denuncia a mão que aleja os corpos de quem esculpi.


A palavra que ecoa na casa das palavras
Afirmando que se o verbo veio primeiro então cante para os corações e mentes: Revolução...


A palavra que ecoa na casa das palavras
Sou eu, é você, somos todos nós!
Num prelúdio que derruba muros e abre horizontes
Para criar um mundo melhor.

SAUDADE

Tu, palavra desmedida inventada pelo meu povo.
Explicação do que sinto
É distrair-se desse sentimento que corta como navalha a carne.

Esta calma estranha
Como a espera de um furacão
A ponte que liga a paixão a um amor anônimo,
A ponte criada para unir o que está separado.

No trote tu me sacode
Mas antes ludibria com galope compassado
Pisando no gramado da pele que acariciava com o coito.
Como vício me flagela fazendo querer mais este ódio que assola
Depois fissura minhas portas e janelas escancaradas pelo desejo.

Saudações de um anfitrião pedindo esmola
Morrendo de fome provocada pela ausência de tua presença.
Kamikaze, irei ao teu encontro
Querendo matar, querendo morrer
Se tu esquecer algum dia de me visitar,

SAUDADE.

ESCRAVO

Com o relógio à vista
Corre feito louco
Atropelando camelôs e bugingangas
Correm entre os carros, prédios, lotações, corre...
Pra pagar as contas, pra poder comer, vestir o filho, pra esquecer Maria que cobra todo dia um pouco de atenção para o seu tesão...
Sem perceber que sua vida parada como pedra no caminho a espera de algum tropeço o desperte.
Xingando ter culpa os pais dos filhos da puta do atraso de sua partida
Zé quer ter promoção ao chegar no trabalho onde o patrão de sentinela e com relógio a prazo te dará o troco.

Zés destes tempos
Não sente que já é tempo
Tempo de viver enquanto a vida escorre pelos dedos
Decodificando seu submundo.

Tempo senhor das Eras
Tempo senhor dos tempos
Homem escravo do tempo
Homem escravo do homem

Escravo
do

ESCRAVO.

CRISTO ATEU

Em nome de deus justificam a guerra
A terra santa sangra a paz
Das fendas os elos brotam raízes
Milênios em seis dias se faz.


Com multidões veio um homem prometendo a terra
Outro homem pedindo a paz.
“Uma terra sem povo para um povo sem terra”
Terra donde ninguém se entende mais.


E no muro de lamentos e orações...
Pedras intifadas picham soldados que fuzilam o perdão.

Kibutz não sejam campos
Que concentrem a divisão.
E que as fatwas não sejam facas
Cortando a expressão.

“Uma terra sem povo para um povo sem terra”
Eis a questão!

MENINA DOS OLHOS

Por onde ando
Você é meu guia
Plainando, atravesso multidões para te ver de perto
E quando deparo contigo
Cara a cara
Teu brilho é como água do mar...


Um dedo em riste
Reclama meu olhar
Por que as meninas sentem ciúmes de outras meninas?
Por serem tão belas quanto elas?
Soslaios querem te fazer acreditar
Que meus olhos são apenas teus!

domingo, 18 de julho de 2010

DORES DE SABER

Meu companheiro de sonhos
Eu sei que é triste e indiferente
Saber ou não saber.
Eu sei o que sentiu
Porque vejo o descontentamento em minhas entranhas
Mesmo sem a intensidade que te feriu.
Esta ansiedade de mudanças
Pode ser loucura
Mas como tentou dizer meu companheiro de sonhos
A verdade do louco é a certeza do sábio.

Sei que a tristeza que aguça e inflama nosso peito
Não é de derrota
Não é de fraqueza
Nem de compaixão ao mundo.
É apenas companheiro de sonhos
De saber “que poucos querem saber ”
De saber que poucos são felizes
De saber que poucos lutam.

Esta é nossa triste verdade
Não adianta querer costurar nossos lábios
Nos cantos das orelhas para mostrar-se satisfeitos.
Sabemos que esta ferida e crua e demais dolorida
Em pensar que o mundo pode estar adentro
E perceber que a única revolução humana que enxergamos
esta restrita...

À própria morte?