quarta-feira, 28 de outubro de 2020

 

ABSOLESCÊNCIA  PLANEJADA

 

 

 

Antigamente juntava uma galera e eu pensava que todos estavam procurando sair do mesmo mundinho...

Depois cada qual cresceu neste segredo de viver naquilo que abominamos, mas as mudanças parecem que acabaram por livre espontânea vontade...

E o mundo continuou girando e eu como pedra vivi entre rochedos...

As esperanças de um mundo novo ficaram da mesma maneira que a decepções de outros que um dia repensei...

 

 

Hoje percebi a inusitada descoberta...

Os jovens tornaram-se velhos, com egoísmo velho, com bebedeiras renovadas, a mesquinhez a explorar um gole ou um trago para acumular cada vez mais sua miséria...

Eu me sinto assim... Minha covardia deu-me desespero de falar à verdade que a farsa que sempre escondi em quem sou e nunca revelei...

Sou inocente tal qual culpado de não dizer antes o que sou mediocremente hoje...    

 

 

É hora amigo!

De deixar de procurar intensidade, luzes de um cometa que já passou... Em seguida vem outro...

Beber cicuta em cálices para rir, para poder chorar...

Anestesiar a realidade que não queremos entender...

Estilhaços de uma moral que condena a procura da sanidade de quem não há tem!

 

 

Observe novamente a tua imagem em teu espelho

Toque e perceba que é fria como a absolescência planejada dos vendedores de sonhos do mundo atual, não tem essência só aparência...

 

           

 

 

 

 

CALEIDOSCÓPIO

 

 

 

         Vejo as luzes que alimentam a imaginação e queima a retina

         Dos olhos o mundo que tu achas tão grande com sua pequenez

Que não se deu conta de tantos sentimentos guardados aquela pessoa Ladrão de lençóis.  

        

A dança dos acontecimentos conspirou

Para que o problema financeiro fez flertar

Não mais com o prisma ilusório do amor, mas o prazer das paixões...

 

As ondas sonoras dão cambiantes impressões

Quando tomamos café da manhã misturada com a ressaca dos exageros da noite passada.

Leituras sobre Franz Kafka, leituras sobre a ótica dos aborígines que cultivam os laços sem o germe bárbaro dos góticos.

 

Passei quinze anos pensando como eliminar esse voyeur

Mas sua silhueta visitava todas as noites meus sonhos de adolescente e acordava com as vestes molhadas pelo choque dos átomos provocados pela energia platônica.

 

Serei injusto contigo por não concordar com teu silêncio

Depois de tanto tempo ver tuas pupilas terem aquela réstia de cor e brilho que somente os amantes conseguem mostrar.

 

Às vezes sinto-me como os personagens de não amarás. 

 

 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 

CARTA PARA QUEM ESTÁ PERTO


 

 

Quero te roubar um beijo

Toda manhã te fazer sorrir...

Seus olhos me verem ao abrir.


 

A noite cansar-te de tantos carinhos

Até nesses desejos rabiscados em versos

Uma pseudo carta  para que está perto

Feita de frases curtas de quem se senti longe...

Feita para romper com a esperança os obstáculos que a vida como aranha tece...

Feita pra te dizer que muitas ou poucas palavras não se vinculam unicamente ao mundo dos significados.

 

 O drama de minhas palavras é não saber que rumo meu amor dará

Ao que está perto fugira de desgosto ou que está longe se sentira perto?

Minhas palavras não querem interrogar nossos sentimentos

Elas tentam expressar onde mora meu e o teu coração...

 

Agora tudo parece distante

Quem está perto, quem está longe

A metafísica desse sentimento confundi o meu querer com o seu sentir

 

 

 

 

 

 

 

GOVERNO PARALELO

 

 

 

 

Transeuntes

Meio-fio separa uma velha pedinte de correligionários

Da situação

Edificando conglomerados produtivos

Especulam

Na Bolsa dos quilos de cocaína

O morro.

 

Policiando

A justiça da cobra-cega

O tráfego

De influências...

 

Políticos

Avaliando o custo-benefício

Piramidal.

 

A bengala coligada

Guia

 A velha democracia

 

O peso da carcaça

Sucumbe a sapiência dos povos

Calcanhar-de-aquiles.

 

 

 

 

 

 

NARGUILÉ

 

 

 

 

A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...

 

Rente aos meus pés/Pequenos seres rastejantes/Sobre a cabeça aves velozes mergulham nos ares disputando seus inimagináveis motivos para viver.

 

Um horizonte instiga trilhas de rios ao único destino/E as nuvens carregadas de vapores embevecidas dançam...

 

Como se estivesse no oriente/Numa tenda mulheres mostrando seus ventres aos sons de cítaras.

Como se estivesse nos Andes/Uma grande fogueira com muitos dançarinos ritmados por flautas de pã.

A fumaça como pensamento se esvai/Flutuando como balões/Procurando, procurando não sei o que...

 

 

 

 

 

 

A PENÚLTIMA REVOLUÇÃO

 

 

 

Quando ouço certas canções

Pedaços de sentimentos...

Temores, desejos, lutas e glorias!

Não cabe em meu pensamento

Não cabe em meu sentimento

Não cabe essa incessante vontade de prosseguir...

Não cabe aceitar a efemeridade dos extremos da riqueza e pobreza

Não cabe...

 

 

Vamos!

Peguemos as armas...

Vamos!

Lutemos até a morte da alienação.

“Quem anda com luz própria, nada pode apagar...”

 

 

Não temos mais nada a perder

Ou nosso propósito alimentara as nossas vidas

Ou a predestinação do sistema guiara todos ao caos.

Não a justiça para quem esta morto.

 

Vamos!

Peguemos as armas...

Vamos!

Lutemos até a morte da alienação.

“Quem anda com luz própria, nada pode apagar...”

 

Nossos filhos agora terão o que fazer...

Façamos o movimento

Façamos a Revolução

Que a Consciência fará o resto...

 

PINGO D’ÁGUA

 

 

 

 

Às vezes me sinto

Largado no mar

Procurando nas ruas ou em qualquer lugar...

Você, o verbo amar

Você, não quer deixar...

 

Mas sempre um dedo aponta no ar...

Ditando caminhos

Para largar

Você, o verbo amar

Você, não quer deixar...

 

Pingo d’água na moleira

Quase o dia, noite inteira.

É preciso mais...

É preciso muito mais...

Para poder acabar com o mal que tanto se faz.

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

 

PRELÚDIO


 

 

Caminhar no mundo de tantas posses

O cercado que separa: quem semeia de quem come.

 

 

Na véspera de um “novo tempo”

A técnica busca superar: o olhar, o ouvir, o sentir, o falar...

 

 

A palavra que ecoa na casa das palavras

Dos homens que anunciam

A arte da revelação contra a maior opressão.

 

 

A palavra que ecoa na casa das palavras

Que denuncia a mão que aleja os corpos de quem esculpi.

 

 

A palavra que ecoa na casa das palavras

Afirmando que se o verbo veio primeiro então cante para os corações e mentes: Revolução...

 

 

 

LE IT BE


 

Foi na dissonância...

Dos enigmas que traduzem as canções

O querer saber onde os pés das paixões caminham

Na estrada sinuosa do devir...

 

Gostar tanto de você

Como posso cobrar explicações

Daquilo que ainda aflora no meu peito

Como broto, como árvore

Que nasce nas pedras de meu tempo...

 

Deixe estar!

A estranha forma de responder

Aquilo que marca como tatuagem...

E se houver um dia sem você...

Porque se me faz tão bem?

Deixe estar!

 

E de absolutos escárnios

Sejam calados por nossos gemidos

Frases sussurradas aos seus ouvidos

Vem comigo!

     

 

 

 

 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

Lá na casa do sonho, na casa do riso

A vida ficcional determina quem é quem.

 

Lá na casa do sonho, na casa do riso

Ninguém é deveras feliz, tão pouco triste...

Viver o momento é presente, é a melhor tradução do que é  real...

 

Lá, coloco minha mais bela roupa a tua espera afrodite. Porque tu vestida para amar quer o entusiasmo dos mortais sem as artimanhas dos cultuadores da insana moral.

 

Nesta casa repleta de portas para entrar e nenhuma para sair

Vou contando o dia que vira proclamar que tudo não passou de indagações criadas pela simples capacidade de pensar...

Loucura; dirão a te encontrar declamando este poema pizarro!

Demente; chamaram os médicos que mentem diagnosticar o que eles também sentem!

Inspirador é o arquiteto construtor de casas cheias de devaneios e palavras...

Seu arrimo tem rimas?

Suas colunas são concretas?

Seu teto abissal, tão distante como saturno e tão intenso como o sistema neural...

 

Lá na casa do sonho, na casa do riso

Cidades e mais cidades são iluminadas por sua usina de vagalumes

Eu não nomeio aquele que está em todos, mas outros chamarão de louco, outros de poeta.

 

 

ENCONTROS E DESPEDIDAS

 

 

Aqui me despeço

Juntando migalhas do que poderia ou não ser feito

E assim guiando o destino como rota de contramão

Vou cumprimentar rostos acenando a boa viagem...

 

Encontrarei sonhos desfeitos

Mares de arrependimento

Mas levando comigo a chama dos viventes...

 

Novas paragens

Encontraremos aqueles que amam como nos

Em cada luz no olhar uma fagulha de um incêndio

E no horizonte a miragem de que tudo pode mudar...

 

E se retroceder aquele instante de despedida

Desfazendo todas tristezas e saudades que causaria

Transforme o adeus em reencontro

As lágrimas em alegria de beijos e abraços colossais.

 

VIA DUPLA

 

 

Essas primeiras décadas desse novo século a política do Brasil chegou ao seu limiar - apocalypse now .

Seus medíocres representantes alimentam crises, eliminaram ideologias, sucumbiram a chamada Esquerda com atos de Direita, deram voz falaciosa a histórica setores conservadores   para falarem em nome dos desfavorecidos e os seguimentos do  movimento operário foram engessadas em meio a tal caos e absurdos...

 

Esse sentimento semelhante a conduzir um veículo desgovernado ou sem freios em alta velocidade em nebulosa estrada volta à tona:

 

- Pelo retrovisor observamos que tudo que lutamos e passamos pode se perder... Os vermes do absurdo estão na nossa rabeira, por um assalto querem conduzir de novo o veículo com discórdia ou ditadura;

 

- A frente uma estrada cheia de descasos e injustiças que somente podemos vencer passando por cima, extirpando o mal pela raiz, caso contrário seremos atropelados pelo desmando e a miséria da política capitalista;

 

- Do lado da Esquerda em meio a essa guerra sem nenhuma ideologia que o apoie, sem nenhum propósito igualitário os trabalhadores sedentos estão como postes, estáticos no temporal;

 

- Do lado da Direita, as hienas exploradoras retomam seus trabalhos arquitetando e inovando seus famigerados golpes para dominar o corpo social... 

 

- E acima de nós apenas o céu...

 

     

 

CAPUCHETA

 

 

No céu uma dança no vento guiada pelo carretel de mãos pequeninas

Uma constelação de cometas multicolores...

Plainando e rasgando o ventre do azul celeste...

 

De repente uma guerra deflagra

Pipas, papagaios, peixinhos, capuchetas são arsenais

Do Zigue-zague, desbicadas, enlaçadas e cortes magistrais 

Onde se ganha ou fracassa...

Ninguém morre...

E quem perde a batalha pode voltar vigoroso!

 

Gandulas à espreita

Um arrastão de moleques atropelam pedestres, automóveis, muros e caes ferozes em seus quintais

Dona Maria grita por ir ao chão as roupas de seus varais...

Seu Ricardo xinga com a bengala em punho...

 

A volta às aulas faz cessar a euforia

Que voltara nas próximas férias com a mesma alegria...

 

Tudo isso faz parte de um passado que revivo na infância de outros...

Isso talvez não importe na cabeça desses acrobatas e kamikazes mirins

 

Afinal o tempo e o vento conduz tudo e todos...

 

 

 

SUPERNOVA

 

 

Quando partir não terei remorsos do que fiz...

As saudades que levo serão compartilhadas com lembranças que deixarei...

 

 

Sem os receios que fortalecem as dúvidas fiz minhas escolhas...

Mesmo que tantos empecilhos e covardias retardassem meus propósitos...

Como a morte que não oferece caminho de retorno

A vida que te deu o mundo também o deixará...

 

 

Seguirei nesta outra jornada com luz própria

A caminho de tantas outras estradas da natureza cósmica...

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

 

RELEASE

 

  

Sei de suas razões e angústias

Sei das coisas que impedem de fazer o que desejaria

Poder escolher estar com outro alguém...

E o mundo dividido levar todos para um mal irreversível ou continuar na mesmice de sempre!

 

Tudo mudar é o desafio do nosso amanhã...

 

Eu tento

Mas de alguma forma você consegue retornar...

Vezes por desejos

Vezes em sonhos, sempre sorrindo para mim...

 

Mas saiba que o que sinto por você ficará 

Pelo simples motivo que é só meu

E que ninguém no mundo pode tirar

Apenas o outro dia depois de meu último fôlego pôr fim a essa existência!       

 

Tudo mudar é o desafio do nosso amanhã...