terça-feira, 23 de novembro de 2010

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MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Com o relógio à vista

Corre feito louco

Atropelando camelôs e bugingangas

Correm entre os carros, prédios, lotações, corre...

Pra pagar as contas, pra poder comer, vestir o filho, pra esquecer Maria que cobra todo dia um pouco de atenção para o seu tesão...

Sem perceber que sua vida parada como pedra no caminho a espera de algum tropeço o desperte.

Xingando ter culpa os pais dos filhos da puta do atraso de sua partida

Zé quer ter promoção ao chegar no trabalho onde o patrão de sentinela e com relógio a prazo te dará o troco.

Zés destes tempos

Não sente que já é tempo

Tempo de viver enquanto a vida escorre pelos dedos

Decodificando seu submundo.

Tempo senhor das Eras

Tempo senhor dos tempos

Homem escravo do tempo

Homem escravo do homem

Escravo

do

ESCRAVO.

domingo, 7 de novembro de 2010

ABISSAL


ABISSAL

Mergulhando nas lentes de um olhar
Desvaneço abrindo as asas do coração
Degradê como as águas do mar
Cristalizar o que é só tristeza, e o que é só alegria?
Inútil distinguir qual a parte que me pertence.

Desarmado entro no ringue
Sou Cortázar abandonando os socos de boxe
Para agarrar uma caneta e lutar pelo amor e a vida.
Sentir o aflorar do sentido peculiar das universalidades
Dos seres e das coisas simples.

Mas nunca é tarde para descrever o que sinto agora
Uma imensa satisfação de sentar na varanda do mundo
E enxergar a ludibriante aventura humana de estar constantemente querendo...
Sair a deriva na alcoólica noite discutindo sem razão para entender o ideal alheio, ver as mulheres passando os homens que passam, xingar a política daqueles que jogam a bola das futilidades...

Mudando o discurso falarei como um mecenas insinuando que não se deve cuspir nos pratos, plantarei uma árvore mesmo que os meus negócios dependam dela, acordarei sempre às seis da manhã chamando-a de meu bem...

Uma imensa satisfação de sentar na varanda do mundo
Procurando saber qual à parte que me pertence
Cristalizar o que é só tristeza, e que é só alegria?
É a própria vida manifestando em tudo que se move
Como uma folha na dança do vento
Manifestai poesia.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA NEGRA

QUILOMBOS


O sabo enganador

Ou rei Obá

Em troca de adornos civilizados

Arrancavam homens de seus lares

Para terras desconhecidas

Onde os hospedantes apagavam

Com açoites seus costumes, crenças e vidas

Apenas para lucrar.



Um dia eles acordaram

Fazendo um novo império também

Com sacrifícios e lutas gloriosas

Mostrando serem capazes aquém.

Passaram-se dias, anos, décadas

Negros, Zumbi, Ganga Zumba gloriosos

Brancos em cortes avergonhados.

Até o rei pediu compaixão

Pois sua riqueza

Fugira de suas próprias mãos.



Mas Zumbi em apogeu

Não quis negociação

Pois com sabedoria

Previa que seu povo

Somente tinha valia com a escravidão.



Como tantos, um carrasco

Ofereceu-se para destruir o “reino dos macacos”

Fazendo-se após o trato

Adquirir a riqueza e seu sonho abstrato

Dele tanto desejado.



O paraíso acabou

O inferno recomeçara

Findando os sonhos tão amados

Em sangue e mortes.

O exército da injustiça vencera Palmares.



Mas a liberdade “ganhada”

Que a história ofusca cedera.

Fez como todas pegadas, marcas...

Como herança

O preconceito sobrevive

Por quê? Não sabemos.

Talvez o tempo conscientize os homens

E um dia seremos iguais de verdade.