terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Interpretação do conto de Franz Kafka

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SEVERAS VIDAS SEVERINAS

Acabo de ler esse “causo” em forma de conto

Feito por um mestre[1] que narra a vida e o desatino

De simples pessoas que vivem no campo

A mercê da sorte e do destino.


Lembrou-me essa triste história

A lida de tantos brasileiros

Que labutam para viver

Sem nenhum amparo e grande desespero.

Quando não é a seca é a chuva

Unindo-se a enxurradas de abandono

Contra a peleja de quem só tem como arma

A sorte, a fé e o seu dito nome...


Lembrou-me essa triste história

Morte e vida Severina

Dizendo em forma de verso esse mestre[2]:

“Iguais em tudo na vida, morremos de morte igual,

mesma morte Severina... vida em morte, Severina”.


A velha Nhola a “margem de uma vida digna” morrendo afogada

Enquanto Severinos correm do sertão da fome inveterada.

“Iguais em tudo na vida, morremos de morte igual,

mesma morte Severina... vida em morte, Severina”.


Agora deixando de ser leitor

Faço parte dessa severa vida clandestina

Interrogo a todos de quem é a culpa

De tanta miséria e tanta morte Severina.

Na foz do Capivari de Goiás

Nas palafitas do rio Capibaribe de Recife

Em todos os cantos do Brasil

A alma da fome é política.


Clemência pediu o pobre Quelemente

A impiedosa condenação do destino

Afogando sua mãe ao acaso

Se fez aquilo que tanto Severino queria

Cansado de tanto procurar viver dignamente

Cansado de nada oferecer e levar dessa vida

Querer uma morte Severina.



[1] Bernardo Elis em seu conto “Nhola dos Anjos e a cheia do rio Corumbá”.

[2] João Cabral de Melo Neto em “Morte e Vida Severina”.

UNIVERSO PARALELO

Observando o céu de estrelas

Imensidão abstraída no pensamento

Como formigas saqueando torrões de açúcar

De um pão de sonho cosmogonista.

Zeus e seu olímpo de orixás zodiacais

No entender dos homens deus fez o mundo e vigia tudo

Para Zeus os homens são instrumentos das vontades divinas

Jogos de amor e ódio.

Mesmo que insista na pergunta

Mesmo que não aches a resposta:

O mundo é feito de poesia que faz e desfaz

Reticulando a imagem que vês...

Vezes enganando o que senti.

O que queres que eu responda?

Que o mundo imundo que vivemos é um aquário de peixes com bocas que gesticulam sempre o sim;

Que o mundo imundo que vivemos é um teatro de fantoches com sua história já descrita e narrada;

Que o mundo imundo que vivemos é a poeira de um tempo que leva tempestades mas também carrega sóis e chuvas...

Que o mar que habita meu sertão é maior que todos os sertões...

E o que mais desejo é estar numa roda de amigos cantando, bebendo os prazeres da vida, antes que o tempo se esvai...

Antes que meus olhos cansem de olhar quantas estrelas

Que habitam tantos pensamentos e encham meu universo apraz!