ABISSAL
Mergulhando nas lentes de um olhar
Desvaneço abrindo as asas do coração
Degradê como as águas do mar
Cristalizar o que é só tristeza, e o que
é só alegria?
Inútil distinguir qual a parte que me
pertence.
Desarmado entro no ringue
Sou Cortázar abandonando os socos de
boxe
Para agarrar uma caneta e lutar pelo
amor e a vida.
Sentir o aflorar do sentido peculiar das
universalidades
Dos seres e das coisas simples.
Mas nunca é tarde para descrever o que
sinto agora
Uma imensa satisfação de sentar na
varanda do mundo
E enxergar a ludibriante aventura humana
de estar constantemente querendo...
Sair a deriva na alcoólica noite
discutindo sem razão para entender o ideal alheio, ver as mulheres passando os
homens que passam, xingar a política daqueles que jogam a bola das
futilidades...
Mudando o discurso falarei como um
mecenas insinuando que não se deve cuspir nos pratos, plantarei uma árvore
mesmo que os meus negócios dependam dela, acordarei sempre às seis da manhã
chamando-a de meu bem...
Uma imensa satisfação de sentar na
varanda do mundo
Procurando saber qual à parte que me
pertence
Cristalizar o que é só tristeza, e que é
só alegria?
É a própria vida manifestando em tudo
que se move
Como uma folha na dança do vento
Manifestai poesia.