MARCO
TEMPORAL
Demarco os povos originários
Com vírus e pragas do mundo cristão
Demarco com sangue e a escravidão...
Demarco a terra e sua expulsão
Com crateras feitas a procura do ouro
Escorrendo das águas o fel mercúrio!
Espalhando aos que habitam os céus,
águas e florestas...
A mortalha da usura dos garimpos e
traficantes...
Demarco
que a terra agora do gado
Foi
floresta de Samaúmas, Castanheiras, Mognos, Seringais, Andirobas, Guaranás,
tucumã entre tantas outras palmeiras e açaizais...
Demarco
para alimentar o dragão e as serras que vomitam madeireiras para o tráfico...
Demarco
para semear o desmatamento e colher incêndios assassinos...
E quando o circuito das águas definhar
o mar virará sertão
Onde jaz foi o oásis do mundo!
Onde outrora floresta encantada pelos
uirapurus
Vigiada pela onça pintada e nas noite
de lua o lendário boto cor-de-rosa.
Onde outrora semeadura dos Igapós e dos
rios dos rios Negro e Solimões...
O maior aquário de água doce dos
Pirarucus, surubins, tambaquis, peixe-bois e aruanãs...
Terra dos mil povos
Somos todos uma só nação!
Kawahiva das terras Pindorama!
Somos tupi-guarani
Do Xingu, Yanomani, Paratintin, Pataxó,
Tupinambá, Xavantes...
Somos todos uma só nação na terra dos
mil povos!
Veio primeiro a farsa da civilização
com o colonizador invasor bandeirante
Depois o escravocrata, grileiro,
latifundiário, ruralista
E agora o maior de todos os
violentadores
O verme político
capitalista!
Terra dos mil povos
Somos todos uma só nação!
Kawahiva das terras Pindorama!
Somos tupi-guarani
Do Xingu, Yanomani, Paratintin, Pataxó,
Tupinambá, Xavantes...
Somos todos uma só nação na terra dos
mil povos!